A obesidade atinge 15% das crianças, que estão expostas a riscos que acometem adultos. A falta de exercícios e a alimentação inadequada são os grandes culpados pelo excesso de peso. Só para se ter uma idéia, quando uma criança come um pacote de bolacha na hora do lanche, está ingerindo o equivalente a uma refeição completa em calorias. Os prejuízos são enormes, além do impacto na auto-estima, aumenta a chance de problemas ortopédicos, de infecções respiratórias e de pele, de cirrose hepática por excesso de gordura depositada no fígado (esteatose).
Uma criança obesa em idade pré-escolar tem 30% de chances de tornar-se um adulto "rechonchudo", caso esse excesso de peso persistir na adolescência o risco tende a aumentar para 50%. Porque as células adiposas vão ficando cada vez mais concentradas em gordura e multiplicam-se, fenômeno mais comum no primeiro ano de vida, e na adolescência, em menor intensidade. Esse quadro pode ser revertido, principalmente, por uma reeducação alimentar.
Segundo cientistas brasileiros, existem fatores que podem levar à obesidade a partir dos 7 anos de vida:
1. Mães que engordam demais durante a gravidez podem gerar bebês com mais tendência à obesidade;
2. Crianças com peso e altura acima da média entre 8 e 18 meses têm maior propensão ao problema;
3. Ao completar um ano, o bebê não deve pesar mais do que o triplo do que tinha ao nascer;
4. Também não deve crescer mais do que 25 centímetros no primeiro ano.
Crianças e adolescentes brasileiros estão chegando perto dos norte-americanos de sua faixa etária em índices de obesidade e, se não se cuidarem, poderão se tornar os novos gordinhos do século 21, indica um estudo inédito de pesquisadoras da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).
O trabalho do Departamento de Medicina Integral, Familiar e Comunitária da UERJ analisou 260 alunos de 10 a 19 anos de uma escola pública no Rio de Janeiro e verificou que 15,6% estavam acima do peso recomendado para a sua faixa etária e 11,7% já poderiam ser consideradas obesos. Nos Estados Unidos, 17% estão nessa situação, embora essa categoria não seja adotada.
No Brasil, uma criança tem excesso de peso quando está acima do percentil 85 da curva de índice de massa corporal ideal (IMC) para a sua faixa etária; para ser considerado obeso, é preciso ultrapassar o percentil 95.
O IMC é calculado pela divisão do peso em quilos pela altura da pessoa ao quadrado. No caso de adultos, uma pessoa é considerada acima do peso quando tem um IMC acima de um número determinado.
Situação “grave”
O endocrinologista Walmir Coutinho, presidente da Federação Latino-Americana de Sociedades de Obesidade, ressalta que, embora o Brasil esteja atrás dos Estados Unidos, o problema tem piorado tanto que, se nada for feito, o país pode caminhar para uma situação até mais grave’ do que a americana.
Uma criança obesa não só tem mais chances de se tornar um adulto obeso como aumenta as suas chances de desenvolver doenças como diabetes, hipertensão e problemas cardíacos. Além dos problemas físicos, a criança tende a enfrentar problemas de auto-estima que podem dificultar os seus relacionamentos e aprendizado escolar.
Com base em estudos recentes que indicam que a obesidade dos pais é o maior fator de risco para uma criança se tornar obesa, as pesquisadoras da UERJ também avaliaram a relação entre a silhueta dos pais e a dos filhos.
De acordo com os resultados, 37,9% dos meninos acima do peso relataram ter pais com esse problema; entre os jovens com peso normal, esse índice foi de 28,7%.
O fato de as crianças que participaram do estudo serem de classe média e classe média baixa também é interpretado pelos pesquisadores como um sinal de que pelo menos hoje no Brasil não é preciso ser rico para comer demais.
Segundo autores do estudo, a pobreza pode ser “um fator de risco” para a obesidade, já que os alimentos mais baratos hoje em dia são os industrializados, com alto índice de açúcar e gordura.